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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ROCK IN FÍGADO

Nos expressamos através da cultura.Trata-se da nossa identidade mais exata,gostemos ou não!

Festivais,como o Rock in Rio(RIR),por exemplo,exibem despudoradamente e nitidamente o cancro que é a nossa cultura musical pop atualmente.Não há como esconder tantos vícios e manipulações.

Não nos livraremos do nosso subdesenvolvimento-e de suas conseqüências deletérias-tão cedo caso não façamos uma desratização na área da cultura,especialmente na máquina da indústria da música e do áudio visual.

Alguns artistas nacionais que tocaram,ou ainda tocarão,no RIR 2011 causaram revolta em muita gente.Nomes como os das cantoras baianas Claudia Leitte e Ivete Sangallo,já por ser cantoras de axé-music,uma espécie de sub cultura praiana,criada tão somente para gerar lucro(e para poucos)foi motivo de piada(haja vista a repulsa expressa na web contra a Cláudia Leitte,via twitter com a hastag #claudiarreia)tanto de roqueiros como daqueles que assistiam ao RIR 2011 à distancia.

Muita gente entende(ou entendeu),equivocadamente,que o festival,por se chamar Rock in Rio deveria ser tão somente um festival de rock n'roll,rejeitando assim qualquer artista(nacional ou não)que não atendesse a expectativa estética de guitarras distorcidas,batidas ensurdecedoras e vocais berrados e insandecidos de algum astro irreverente cheio de atitudes!A marca Rock in Rio é apenas uma aliteração divertida.Se o festival surgisse em São Paulo talvez se chamasse Song in Sampa,por exemplo.Não há nada de mais um artista que não toque Rock exibir-se no RIR,contanto que a sua arte seja honesta.Desde a sua primeira edição,em 1985,você sabe,artistas como o James Taylor,Elba Ramalho ou o grande Milton Nascimento,todos,pouco representativos da estética do Rock n' Roll,fizeram história no festival,que colocou o Brasil definitivamente na rota das turnês das grandes bandas de rock do mainstream internacional.Até 1985,nem a cosmopolita São Paulo recebia de maneira decente os grandes astros do rock mundial.Até aquela data os maiores shows que o Brasil tinha visto foram os shows do Kiss em 1982,no Morumbi e,no ano anterior,o primeiro show do Queen,no Brasil,um dos destaques inesquecíveis do primeiro RIR em 1985,no segundo e último show da banda inglesa por aqui.

Mas toda evolução tecnológica e profissional promovida pelo RIR também serviu aos bandidos da cultura musical brasileira.Na Bahia,especialmente a Bahia dos “brancos”(como as Ivetes e Claudias da vida)clientelistas aprenderam a manipular a máqina de fazer dinheiro,ops,digo,música e tomaram para si(e os seus)os destinos e funções da produção cultural-musical brasileira.Festivais,como o RIR,acontecem todos anos por todo o país:das festas de rodeios no inteirior aos festivais de “férias”como o Atlântida ou o Festival de Verão de Salvador,nomes como os da Ivete Sangallo ou de “roqueiros”de condomínio como os micareteiros do Jota Quest são figuras que se repetem nestes eventos.Não se trata de uma coincidência ou muito menos de uma preferência dos “fãs”.Estes “artistas” são mafiosos que tomaram para si a indústria da música e dos festivais!Eles impedem também o surgimento de novos talentos e novas formas de expressões artísticas.Eles procuram intervir na grande mídia,induzindo à opinião pública a não abrir a mente para o novo.Por que o funk carioca,ou o rap paulista,ou rock emo é ruim?Será que é ruim mesmo ou foi você que ouviu dizer que era ruim?

Outro dia vi uma “fritada” do Dinho Ouro Pretto,líder do Capital Inicial(uma banda respeitável,sem dúvidas)na MTV:esculhambavam com os “coloridos”Banda Cine e Restart.
Outros “artistas”,especialmente os baianos,costumam fazer pouco do funk carioca.Eis que essa gente,apesar da idade avançada(O Dinho tem quase 50 anos a Ivete Sangallo tem 40!)sempre está presente nos festivais e eventos mais badalados.Coincidência?Será que nos últimos 20 anos somente este pessoal tem autoridade para responder pela cultura musical pop juvenil brasileira?E se você tiver talento para o palco,será que poderá subir nele?Será que a dona Ivete e o senhor Dinho(que falou mal do senador Sarney,mas que age exatamente como o maranhense para se manter sobre a ribalta-e olhe que o espírito do Renato Russo quase o derrubou de vez,hehe.O grande líder do Legião SABIA quem era este impostor do Rock)deixarão?Perceba que na cultura musical americana o velho,os inóxidáveis e criativos Red Hot Chili Peppers não inibem,por exemplo, o surgimento de artistas originalíssimas como a Rihanna-que fez um show sensacional e deixou claro que a rebeldia pode ser expressa além das distorções das guitarras,de outra forma,mas tão eficiente quanto a dos tiozões do Red Hot...

A nossa cultura reflete mesmo o nosso subdesenvolvimento.Uma cultura de privilégios que beneficiam a poucos em detrimento de poucos.Uma cultura de condomínio,de playboys estupradores de empregadas domésticas,que nenhum feminismo resolve,já que as patricinhas feministas de novela promovem um feminismo que só castra homem pobre e só defende prostitutas(tanto as mais velhas quanto as “novinha”)ricas do mesmo condomínio e que temem que um dia uma artista negra(uma neguinha muito ousada e cheia de um talento irrefutável)como a Rihanna ocupe palcos,corações e mentes brasileiras de maneira legítima.

Mas a reação parece ter acontecido no Rock in Rio através dos assaltos e arrastões na cidade do rock,nas vaias contra o “artista” brasileiro ilegítimo e sobretudo nos berros indignados e conscientes expressos livremente na INTERNET.

Quem disse que o ROCK morreu,seus otários?





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